"Afirma William James
que «o mais profundo da natureza humana
é o desejo de ser apreciado».
O impulso para criar e manter
relações afectuosas com alguém,
para dar e receber afecto...
A necessidade da presença e da companhia dos outros
e do sentimento de pertença a um grupo...
O desejo de ser querido
e aceite na sua unicidade e diversidade,
a nossa fome de amar e de ser amado...
A nossa sede de estima e de apreço...
Fazem-nos ser compreensivos,
tentando perceber o universo alheio,
como se víssemos com os olhos dos outros,
como se pensássemos com a cabeça dos outros,
como se sentíssemos com o coração dos outros...
Esta compreensão gera confiança
e a confiança... aproxima as pessoas.
Contudo,
esta compreensão exige disponibilidade,
porque é tarefa sempre inacabada
dada a complexidade de cada pessoa
em permanente mutação.
Aceitar e respeitar a unicidade de cada um
não nos obriga a pensar como eles,
mas a dialogar, sem impor pela força
as nossas convicções e gostos.
As pessoas inteligentes optam pelo dialogo,
pela sabedoria do autodomínio,
pela tolerância e pelo perdão,
como condicionantes da agressividade.
Somos pessoas e, como tal,
somos seres inacabados...
Somos modelos em construção...
E todos temos faltas, falhas e limitações.
Como pessoas de diálogo
devemos possuir convicções seguras
e capacidade de as defender com firmeza e vivacidade,
não nos fechando em nós mesmos e nos nossos interesses,
mas mostrando disponibilidade
para aceitar discordâncias
e para aprender com as opiniões contrárias...
As pessoas de diálogo
sabem que não são donas da verdade
e estão abertas à mudança, ao «novo»...
A disponibilidade da pessoa de diálogo
abre-a à arte de saber escutar
com paciência, calma e serenidade,
escutando até ao fim,
com delicadeza e pedagogia.
Mostrando interesse pelos outros,
olhando-os de frente,
olhos nos olhos,
com força activa,
atenta à linguagem corporal,
reveladora do mais íntimo de cada um.
Este tipo de pessoas,
preocupadas com a felicidade dos outros
e o seu bem-estar consequente,
aproveitam todas as oportunidades
para manifestar-lhes a sua estima e apreço,
elogiando-as quando procedem bem...
o que lhes vai dar momentos de felicidade
fruto desses sinais de aprovação...
As pessoas que se preocupam
com a qualidade relacional que vivenciam
tentam fazer aos outros...
O que gostam que lhes façam a elas..."
Ana Paula Bastos em O Amor não se diz
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